o discurso do ganso
falava-se de armas como de arroz. bens necessários à sobrevivência. o lado desgastado da razão compunha o tempo com notas rasgadas. a idade pouco interessava. éramos poucos, uns dois ou três ali, perdidos... sei lá, talvez duzentos na região em grupos pequenos. guerrilheiros sem fé nem bandeira. a sobrevivência, apenas. a morte dos outros era sempre compensadora, porque a nossa vida se mantinha. o arroz era menos do que as balas que estavam sempre a mais nos pratos dos mortos. sim, éramos todos iguais, uns mortos, outros vivos.
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